domingo, 20 de outubro de 2024

Lua de Mel por Procuração - a ser publicado futuramente em "A Felicidade é o Ópio da Existência"

A estrada em direção ao interior é agradavelmente arborizada e os poucos cenários urbanos só servem para trazer às mentes do casal a sensação regozijadora de estarem saindo da capital e irem em direção ao sítio onde passarão a semana de lua de mel. Devanir mantem a atenção no volante enquanto Cláudia observa a paisagem, ambos em silêncio, como se quisessem, durante o trajeto, se limitar a observar a paisagem ao redor, os cenários pouco conhecidos e, por que não dizer, evitar errar o caminho até o imóvel emprestado pelo amigo para que passem a semana. O caseiro, segundo lhes foi dito, estará à disposição do casal para o que quer que precisem e já preparou tudo para sua chegada, mantendo a casa limpa, a geladeira abastecida e tudo o que é necessário para que passem uma semana confortável para iniciar sua vida de casados.

Cláudia, embora calada, transborda de felicidade. Tira uma selfie atrás da outra durante o trajeto, apesar dos protestos do marido, que sempre leva o trânsito muito a sério, atitude que conta com a aprovação da mulher em face da preocupação demonstrada por ele. Está casada, finalmente, como sonhava desde a adolescência, quando começou a namorar Devanir. O amor entre os dois demorou para acontecer, de modo que só começaram a namorar meses depois de se conhecerem melhor, como a moça de boa família achava que tinha de ser. Como cavalheiro que é, o rapaz aceitou percorrer todas as etapas necessárias até que ambos finalmente começassem a ficar juntos, tudo de modo o mais tradicional possível e que os transformasse num casal modelo aos olhos dos conhecidos. E ela, como não poderia deixar de ser, mantinha uma atitude tão reservada quanto possível, uma vez que sabe que reputação de mulher é como vidro fino, facilmente se quebra. Ela haveria de manter-se íntegra aos olhos de quem quer que fosse, uma vez que qualquer deslize seu acarretaria também danos à reputação do marido que, como profissional respeitável que é, não poderia correr esse tipo de risco.

Os convites das amigas eram frequentes, mesmo antes do casamento. Algumas chegaram a propor uma despedida de solteira, nos mesmos moldes de uma delas, que entregou seu corpo a um homem bem-dotado um dia antes de sua cerimônia de casamento e permitiu que fosse feito com ela tudo que ele bem entendesse. Outra foi ainda além e realizou uma dupla penetração na noite anterior ao casamento com dois nigerianos enquanto as amigas assistiam a tudo e faziam torcida. Cláudia assistiu tudo e chegou a ficar extremamente excitada com a cena, mas o amor e a fidelidade ao noivo falaram mais alto e ela disse a si mesma que manter-se-ia fiel a Devanir e não aceitaria fazer parte de algo como aquilo, mesmo porque o sexo deveria ser algo inerente ao casamento e não uma aventura à parte ou algo que se faz como uma despedida de uma vida desregrada que ela nunca teve.

Agora seria mulher de apenas um homem, como, aliás, sempre foi. Concordou em manter-se virgem até o casamento, pois amava o noivo, que agora é seu marido, e decidiu fazer tudo como na época de seus pais. Não havia nada de errado em preservar-se até que chegasse a hora, independente daquilo que este mundo pregasse e procurasse fazer entender como liberdade. Não faria sentido algum entregar-se antes de estar oficialmente ligada ao homem que escolheu para passar a vida toda com ela e ambos não terem nada para descobrir um sobre o outro após oficializarem tudo. Seguiria um caminho diferente do escolhido por suas amigas, que preferiram entregar-se a todo tipo de prazer sexual durante a vida e depois conhecerem alguém com quem, supostamente, teriam algo sério. Como se soubessem o que é isso.

- E aí, tá ansiosa?

- Um pouco... eu não vou mentir pra você, mesmo vendo minhas amigas fazerem todo tipo de coisa em matéria de sexo, não me acostumei. É diferente quando é você que vai passar pela coisa. Elas pareciam mais atrizes de filme pornô, mas eu... tô aqui boiando, nem sei como começar.

- Imagina como deve ser isso pra mim. Não é tão estranho quando mulher deixa pra fazer pela primeira vez depois do casamento, é até raro isso acontecer. Mas homem, putz... eu nem comentava isso com a rapaziada porque sei que iam cair matando em cima, iam cobrar, querer me levar pra puteiro, despedida de solteiro e todo esse tipo de coisa...

- Sim, meu irmão me contou algumas estórias. Aliás, não ele, mas o pessoal comenta. Mas não foi despedida de solteiro, até porque ele não é casado, foi na formatura do colégio. O pessoal pagou uma prostituta e ela fez sexo com todas as turmas do 3º ano na mesma noite. Parece que colocaram ela numa mesa e fizeram de tudo com ela. Dá pra imaginar? Quatro ou cinco turmas de homem, como essa mulher deve ter saído de lá?

- Olha, já ouvi falar que elas estão tão acostumadas que aguentam isso e até mais de boa. Pra não falar do dinheiro que ela deve ter ganho naquela noite, seu irmão não disse o quanto pagaram?

- Não, ele nem fala no assunto, até porque meu pai ia dar uma coça nele se ficasse sabendo. Não gosta desse tipo de coisa, você sabe como ele é conservador.

- Ah, sim, sem dúvida. Ele sempre foi uma inspiração pra mim, junto com meu pai. Hmmm, tenho que fazer o balão aqui.

Novamente os dois interrompem o diálogo quando Devanir tem de pegar um pequeno retorno para chegar até a entrada indicada no aplicativo. Uma nova estrada vicinal e os dois podem visualizar vários terrenos residenciais onde, felizmente, parece haver apenas sítios e chácaras onde as pessoas parecem interessadas mais em cuidar do próprio sossego do que da vida alheia. Melhor para os dois, que querem passar cinco dias sem se preocupar com qualquer dos problemas deixados para trás e não ouvir nada além do sossego do campo, composto por grilos, pássaros e, quando muito, o uivo dos cães.

- É essa a entrada, não é, diz Cláudia, eu lembro de quando a gente veio com o Marcos e o pessoal da outra vez. Acho que no carnaval, um ano atrás...

- Essa mesmo. Não tem jeito, eles nunca vão asfaltar essa rua. Ainda bem que não tá chovendo.

O casal entra numa estrada de terra e cercada de vegetação densa, passando por várias propriedades mais ou menos ocupadas pelo caminho por famílias, grupos de amigos e todo tipo de pessoas ou grupos de pessoas. Devanir dirige preocupado não com a condição da estrada, mas, sim, com a possibilidade de errar o caminho. A propriedade do amigo tem o caseiro e está bem cuidada, protegida, mas que tipo de pessoa deve habitar ou alugar aqui em dias de semana? Por isso a preocupação do marido dedicado com a possibilidade de entrar em um local indesejado e terminar por expor a si e a esposa a algum perigo que resulte na subtração de seus bens ou, na pior das hipóteses, da integridade de Cláudia, que chama a atenção pela formosura do corpo e a beleza do rosto.

- Ali. Finalmente. – Ao avistarem o portão do sítio os dois respiram aliviados e Devanir buzina, chamando pelo caseiro. Este não demora a aparecer e, apesar de estar vestindo calça e camiseta, Cláudia não consegue evitar de observar o porte do homem que se mostra completamente o oposto do noivo a seu lado. O caseiro é alto, negro, ombros largos e corpo visivelmente definido. Ele não estava ali da última vez que estiveram na propriedade. A observação da recém-casada dura apenas alguns segundos, depois disso volta a observar a propriedade enquanto o marido estaciona o carro.

- Tarde, seu Devanir, tudo bem como o senhor?

- Tudo bem, Osório? Seu Marcos deixou a chave com você?

- Tá lá na porta, patrão, acabei de deixar tudo em ordem lá dentro. Qualquer coisa que precisar, tô aqui na casa. Uma boa semana pro senhor e sua esposa. Dona Cláudia...

- Tudo bem, Osório? – os dois trocam um olhar rápido e um sorriso discreto, que não deixa transparecer o sem número de cenas que passaram pela cabeça de Cláudia naquela fração de segundo e que ela chega a fingir estranhar. Em seguida, retiram seus pertences do carro e levam tudo para dentro da casa, que parece já à espera dos dois.

- Tudo ajeitado... e tão confortável quanto eu me lembro, diz a esposa, sentando-se ao sofá.

- Marcos quebrou um galhão emprestando o sítio. Tomara que a piscina esteja limpa, com esse calor...

- Nem me diga. Vamos olhar o quarto e a cozinha, depois guardamos as coisas e caímos na água.

Tão logo verificam a casa, os dois trocam de roupa e vão para a piscina. A água é fresca, convidativa, mostrando que o caseiro deixou tudo limpo antes que chegassem e de forma o mais recente possível. Como se a paisagem local instigasse o romantismo dos dois eles passam a maior parte do tempo abraçados, sentados na escada da piscina, sentindo o frescor da água que afasta toda lembrança do mundo exterior.

- Podia passar a vida toda aqui, diz Devanir, sentindo as costas da esposa contra o peito. Muitas vezes eu me pergunto se ia ser interessante prestar um concurso e vir trabalhar no interior ou até abrir um escritório de advocacia pela região, tipo escolher um grande centro regional pra trabalhar e morar numa cidade mais calma na região...

- É adorável mesmo, não tem como negar. Mas será que a gente ia acostumar com tanto sossego? No começo é bom, mas o tempo vai passando, a gente fica entediado... não sei se ia conseguir ficar sempre aqui.

- Sei lá, parece que a cidade me cansa cada vez mais. Violência, transito, fila pra tudo, acho que eu trocaria, sim. Pelo menos faria uma experiência. Talvez não necessariamente num sítio, mas no centro de uma cidade interiorana, mais calma.

- É pra se pensar... pelo menos a gente ia ter o que precisasse por perto e tranquilidade também.

A manhã passa e os dois decidem deixar a piscina para verificar o que irão comer no almoço. Embora tenham verificado as acomodações não trouxeram comida de São Paulo, tampouco conhecem a cidade e sabem onde fazer compras.

- Melhor pedir pro caseiro dar um pulo no mercado mais próximo... a gente não conhece nada, de repente é mais rápido se ele for.

- Vai adiantando seu banho, eu vou falar pra ele ir até a cidade e comprar algumas coisas. Arroz, feijão, carne, talvez a gente até saia de noite pra dar uma volta, mas agora vamos descansar um pouco e curtir o sítio.

- Tá bom, fala com ele.

Cláudia desce até a casa do zelador, já tendo em mente o que deverá solicitar que compre e com o dinheiro em mãos. Por um momento se pergunta se não deveria ter deixado o marido descer até a casa daquele homem para conversar com ele, uma vez que é melhor que homens lidem uns com os outros, no intuito de evitar conflitos desnecessários ou exposições das mulheres a falatórios. A reputação da mulher é frágil e não é preciso muito para que acabe sendo mal falada. Mas logo se lembra que apenas ela, o marido e o caseiro se encontram na propriedade, e que não há por que ficar preocupada com isso. A casa é próxima da principal, coisa de cinquenta metros percorrendo o gramado, o que faz com que ela e o esposo possam ter toda privacidade que quiserem ao longo da noite.

A porta encontra-se aberta quando ela chega à casa do funcionário. É uma construção pequena, de três cômodos, cozinha, quarto e um banheiro. Ela ouve uma respiração ofegante vinda do quarto, somada a gemidos que revelam um esforço considerável tanto para contê-los quanto pela energia gasta que termina por provoca-los. Considerando o porte físico do caseiro imagina que este se encontre fazendo exercícios, mas, em vez disso, ao entrar no quarto, Cláudia se depara com o empregado ajoelhado sobre o colchão onde dorme, atrás de uma mulher de quatro que abraça um travesseiro e sufoca seus gemidos contra ele. Osório a penetra com fúria, velocidade, dando-lhe tapas nas nádegas que levam a mulher a dizer obscenidades e pedir por uma penetração maior, jogando ainda a mão por baixo de si para acariciar os testículos do homem, que passa a penetrá-la mais devagar, dando a impressão de que busca recobrar suas forças ou sentir as carícias da mulher, e deixando aparecer um membro soberbo, tão grosso quanto comprido, que faz com que a observadora abra a boca de admiração e, por que não dizer, curiosidade e excitação.

Cláudia assiste a tudo sentindo um calor que a deixa com as pernas moles e, num dado momento, o caseiro, como que se sentisse a presença dela ali, vira-se para a porta e percebe que a hóspede de seu patrão observa a cena, como se apreciasse cada momento dela, e sorri com malícia, olhando nos olhos da recém-casada, lembrando-se do olhar discreto trocado entre ambos no momento da chegada da hóspede com o marido, enquanto volta a invadir agressivamente a amante, segurando seus quadris e movendo os seus como se quisesse deixar claro que poderia proporcionar aquele prazer a Cláudia se fosse aquela sua vontade. Perdida num misto de desejo e timidez, ela subitamente se lembra o que foi fazer ali e que não deveria demorar, pois isso chamaria a atenção de Devanir. Mas o susto a leva a deixar a lista de compras e o dinheiro cair no chão da cozinha da pequena casa e ela, perdida entre suas reações, deixa o lugar, ofegante, indo a passos largos de volta à casa principal.

Ela percebe que Devanir continua tomando seu banho, o que lhe dará tempo de se recuperar do susto. Embora o costume de comentar suas experiências com o marido pareça tentar falar mais alto, ela logo se dá conta que não é pertinente contar o que acabou de ver na casa do empregado e correr o risco de causar um desentendimento desnecessário. Mesmo porque ela entrou na casa sem se anunciar, o que mostra que o erro foi seu e não que tenha havido alguma conduta repreensível da parte de Osório. Nada de errado foi feito, apenas o susto que tomou, então não há motivo para gerar qualquer conflito. Ela guardará para si aquela memória e também a excitação causada por tudo o que viu, além de tentar entender aquela sensação até então desconhecida, uma vez que sempre viveu um relacionamento puro e inocente com o namorado, que agora é seu marido.

A porta do banheiro se abre e Devanir sai junto com uma pequena onda de vapor. Disfarçando como pode, Cláudia prepara a mesa e, logo em seguida entra no banheiro.

- Falou com o caseiro?

- Falei, sim... deixei a lista com ele. Vou tomar banho.    Ela responde sem saber se as compras chegarão, uma vez que deixou a lista e o dinheiro caírem enquanto estava chocada com a cena de sexo selvagem que acontecia dentro do quarto. A noiva ainda é virgem e masturbava-se com pouca frequência, embora o fizesse quando sentia que o calor do sexo parecia querer tomar conta de si e não queria se entregar a qualquer homem antes de se casar. Agora, enquanto a água do chuveiro cai sobre ela, um calor ainda maior parece tomar conta de seu corpo e ela, pensando na cena que viu há pouco e imaginando-se sendo possuída pelo caseiro da mesma maneira, se toca furiosamente, agradecendo por estar traindo o noivo apenas em sua imaginação. Sabe que hoje será sua noite, que eles farão finalmente pela primeira vez, mas não consegue se conter enquanto pensa no tamanho do membro de Osório, que mais parecia uma cobra que entrava e saía de dentro da mulher que deixava que ele fizesse o que bem entendesse com ela, e se apoia na parede do banheiro sentindo a água quente cair sobre si enquanto um orgasmo fulminante a faz se ajoelhar.

Recuperando-se, Cláudia se levanta e se enxuga, saindo do banheiro para encontrar o marido. Sente-se constrangida, não há como negar... masturbar-se pensando em outro homem em plena lua de mel e antes mesmo de entregar-se ao marido não era o que imaginava para o começo da semana. Felizmente, a coisa não saiu da sua imaginação e ela espera poder compensar o marido logo mais, quando a noite chegar.

- Adorei o chuveiro. O Marcão só compra o que tem de melhor. O caseiro passou aqui pra avisar que tava indo até a cidade fazer as compras. O que você pediu pra ele trazer?

- Ah, arroz, feijão, lasanha pra microondas, macarrão, mistura e aqueles queijos que a gente gosta.

- Com certeza, essa semana tô de boa com dieta e tudo o mais. Só semana que vem volto a regular. Hmmm, você disse lasanha? Agora pro almoço até que ia bem...

- Vai, sim. Deixa ele voltar que já começo a preparar tudo.

Meia hora depois o carro do caseiro para em frente à casa. Como que instintivamente e com a fome batendo à porta, Cláudia caminha até a entrada e logo vê o homem com uma caixa com os pedidos da lista de compras, indo em direção ao caseiro.

- Tá aqui, dona Cláudia, espero que esteja tudo em ordem. Precisa de mais alguma coisa? – quando Cláudia se aproxima para receber a caixa do caseiro as mãos dos dois se esbarram, num segundo que parece durar uma eternidade e que é suficiente para a mulher sentir um calafrio maior que o anterior quando percebe o quão rústica e grande é a mão que a toca, e um olhar tão rápido quanto discreto faz com que ela sinta uma vontade ainda maior de se entregar ao homem, lutando contra ela enquanto pega a caixa de comida, que quase deixa cair, e a última pergunta dele parece ainda adicionar um tempero àquele sentimento ainda novo para ela.

- Opa... não, não, tudo bem, qualquer a gente te chama, obrigada.

- De nada. Seu Devanir...

- Valeu, Osório, obrigado mesmo. O troco é seu.

O caseiro se retira enquanto Cláudia leva a caixa de comida para a cozinha e tenta ignorar o desejo despertado por aquele homem forte, rude, que já comprovou ser um amante vigoroso e que sabe dar prazer a uma mulher, o bastante para que ela sinta a calcinha se umedecer enquanto se lembra da cena que presenciou. O troco deixado pelo marido ao empregado também acaba atiçando sua imaginação, como se ele estivesse pagando o homem com quem a esposa o trairia em plena noite de núpcias. Preparando o almoço, ela procura afastar a ideia de sua mente ou se manter mais discreta possível enquanto tenta fazê-lo. Na sala, Devanir descansa, enquanto a mulher, como se fizesse questão de fazer o papel de dona de casa, prepara a lasanha. A cena presenciada na casa no quintal mais uma vez toma conta da imaginação da mulher enquanto trabalha na cozinha, o que faz com que ela, tão logo termine de preparar o prato, o leve ao forno e vá novamente ao banheiro, fechando a porta. Sentando-se no vaso sanitário ela novamente fantasia momentos que passaria com o caseiro, imaginando como seria ser tomada por ele de todas as formas, uma mais depravada que a outra; ela se ajoelharia para chupar seu membro gigantesco, depois ficaria de quatro para ele, debruçada na pia da cozinha, posicionaria suas pernas nos ombros largos dele enquanto ele olharia nos olhos dela e sorriria com malícia diante daquela recém-casada, que se entregaria em sua primeira noite a um homem estranho sem qualquer pudor enquanto o corno dormisse, sem esboçar qualquer reação. Não demora muito para que ela atinja um orgasmo poderoso, contendo-se como pode para não se sacudir e fazer barulho com a tampa do vaso sanitário, de modo que o marido não saiba o que acontece dentro do banheiro. Aliviando-se, ela lava as mãos e retorna à sala de estar, de onde vê Devanir descansando na rede da varanda.

Quando o almoço sai, os dois estão sentados à mesa, saboreando a lasanha aos quatro queijos e uma garrafa de vinho do Porto. A despeito do calor que faz acabaram concordando que ambos sentiam muita falta da bebida e que, independente do que tomassem, o calor não iria ceder. Conversas sobre o cotidiano voltam a tomar conta da mesa, uma menção à forma como o vinho pode acabar com o nervosismo de ambos, uma vez que se casaram sem ter se tornado íntimos antes disso, pensando em como queriam manter o mistério e a magia da forma antiga como os relacionamentos se iniciavam. Com o fluxo de taças de vinho os dois não demoram a se soltar, cada vez mais, fato que as risadas deixam claro. A lasanha desce saborosa, associa-se ao prazer despertado pela bebida e, assim que os dois terminam de comer, não resta mais qualquer espaço para inibições. Como se buscasse eliminar todo e qualquer nervosismo na hora de deflorar a esposa, Devanir bebe uma última taça, totalizando duas a mais que a mulher, que pega o marido e lhe dá um beijo demorado, seguido de um abraço apertado e tão longo quanto. Não demora muito e os dois, com um olhar, ali, no meio da sala, passam a tirar a roupa, e Devanir, terminando antes de Cláudia, ajeita o sofá-cama, onde ela se deita em seguida, abrindo os braços e as pernas para receber o marido, que vem sobre ela sem esconder a excitação e a ansiedade.

Abraçados, os dois voltam a se beijar. A mulher acaricia a nuca e as costas do esposo, que segue beijando sua boca e posicionando seu membro junto à fenda que já se mostra quente e úmida, pronta para recebe-lo e finalmente consumar na prática a união dos dois. Entretanto, a penetração demora, apesar de Cláudia sentir a cabeça cutucando seu sexo e o beijo, estranhamente, toma uma movimentação mais lenta, apática, até que cessa totalmente e, da boca, resta somente a vibração gerada por um ronco, revelando que Devanir havia pego no sono. Pouca tolerância ao álcool, como Cláudia já sabia que o marido possui, pouca água consumida ao longo do dia, pensa ela, tudo isso deve ter influenciado para que a bebida, consumida em excesso, terminassem por derrubá-lo, mas ela não esperava que, estando o marido eufórico como estava, isso pudesse acontecer justamente na hora em que os dois estivessem para consumar o casamento pelo qual esperaram tanto. Ela o posiciona deitado no sofá, saindo de debaixo dele, e se levanta, observando o homem franzino que agora ronca, embora há pouco parecesse deixar entender que iria fazer com que ela iniciasse a melhor fase de sua vida, mas, em vez disso, o que lhe proporcionou foi algo não só antirromântico como também indigno de um marido, que agora permanece deitado e exibindo um membro diminuto e mole, que nem de longe poderia proporcionar a ela algum prazer.

Isso não é papel de um homem que se dê o respeito, pensa ela. Aliás, não é papel de homem algum. Deixar a esposa desamparada em plena lua de mel? Não basta o quanto esperou por este momento, o quanto se preparou para ele, deixando de lado tantas oportunidades de que poderia ter usufruído para obter prazer com outros homens, agora tinha que se deparar com uma visão como essa? No entanto, ela para, pensa e, no fundo, sabe que não é apenas a presente condição do marido e sua primeira vez arruinada temporariamente que a deixam dessa forma. Como se a embriaguez a levasse a ser mais sincera consigo mesma e novamente as cenas presenciadas horas atrás voltassem a tomar conta de sua mente, ela sente novamente o mesmo calafrio de excitação que tomou conta de seu corpo retornar, lembrando-se do caseiro e da forma como ele possuía uma mulher horas atrás. Ela logo percebe como quer passar as próximas horas, o que realmente quer e, mais do que nunca, o nome de Osório lhe vem à mente, o que faz com que ela pegue o interfone e, com todo e qualquer tipo de censura ou pudor talvez diluídos pelo vinho, liga para a casa do empregado.

- Osório? Dona Cláudia, diz ela, sorrindo. Dá uma subida até aqui, faz favor. – o homem responde afirmativamente, desligando em seguida. Sentando-se em um poltrona, a mulher começa a se masturbar enquanto pensa que logo o caseiro bem-dotado estará ali, que a porta está aberta e que não levará tempo até que ele a veja na condição em que se encontra e, fatalmente, entenda o que ela quer e faça com que sua primeira noite possa valer tanto a pena quanto ela planejava que valesse com o esposo.

Sem demora, o caseiro passa pela porta da sala de estar e presencia a cena ocorrida. A princípio lhe causa estranheza ver o marido roncando pelado no sofá da sala, mas, ao olhar de lado, vê Cláudia se masturbando na poltrona e não esconde uma expressão maliciosa, retribuindo a que vê no rosto dela, que lambe os lábios e lança um olhar faminto na direção do membro de Osório, que não demora a entender as intenções da patroa temporária. Ele tira a camiseta e se aproxima da mulher, que deixa de se masturbar para ajoelhar-se em frente ao homem, como se tudo que precisasse saber subitamente lhe viesse à mente, e baixa o calção que ele veste, deixando amostra o membro que não se encontra totalmente ereto mas que já mostra um tamanho respeitável. Como se o fogo que emana de seu sexo falasse mais alto e eliminasse, junto ao vinho, todo pudor e vergonha que poderiam estar presentes ali, a recém-casada toma o membro de seu primeiro amante à mão e o leva à boca, chupando-o com vontade, praticamente ignorando que estava traindo seu noivo e prestes a entregar-se a um estranho em plena lua de mel, fazendo dele seu primeiro homem e renunciando totalmente aos votos feitos um dia antes. Como se isso a excitasse mais ainda, logo o empregado do sítio já está completamente nu e ela se levanta, puxando-o pela rola privilegiada até o quarto.

- O corno do meu marido tem um pau muito menor que o seu... e broxou na hora de tirar minha virgindade. Já que ele não foi homem pra isso, então vai ter que ser você...

 Sem dizer nada, o caseiro se posiciona sobre ela, que se deita e abre as pernas, encarando o amante com uma expressão de malícia e depravação, enquanto ele sorri e bate com o membro na fenda de Cláudia, posicionando-se logo em seguida para dar início à penetração, que ocorre devagar. O desejo aos poucos dá lugar a prudência, o que ela deixa claro em seu olhar, que encontra os olhos do caseiro em meio a uma expressão de confiança e malícia. No final das contas, não se encontrava tão embriagada assim. O membro gigantesco entra devagar e ela sente uma dor agradável enquanto ele abre espaço até o interior da mulher alheia, que ignora tanto a aliança no dedo quanto o marido deitado no sofá da sala, que permanece totalmente inconsciente e alheio tanto ao fato de que é outro que agora toma posse daquilo que sua mulher havia reservado durante anos para ele quanto para a indiferença que isso causa a ela enquanto se entrega sem qualquer pudor ou vergonha. Logo já está sentindo os testículos baterem contra si, enquanto aquele homem rude passa a penetrá-la com ferocidade ainda maior, e ela diz palavrões e obscenidades que não havia sequer cogitado dizer para o marido quando ele a tomasse por mulher.

- Soca, filho da puta, enfia esse cacetão gostoso nessa boceta que é sua...

Osório sorri, enfiando cada vez mais forte. Como se a excitação fosse tamanha que Cláudia nem se preocupasse mais com o fato do marido estar dormindo a poucos metros dali, ela geme alto, ofegante e o caseiro, tomando total controle da situação, retira-se dela e coloca a mulher de quatro, batendo com o membro em suas nádegas para voltar a penetrá-la em seguida, enquanto ela abraça o travesseiro e ele volta a invadi-la com mais força do que antes, já não ligando mais para a condição de empregado e tomando total posse da mulher que um dia antes deixou o altar e que, agora, praticamente assina uma procuração para que ele a deflore, como o marido traído não foi capaz de fazer.

- Fode, meu gostoso... mostra pra sua putinha como homem de verdade faz... depois vou falar pro cornudo que você tirou meu cabaço porque ele não foi homem pra fazer isso...

Como se as palavras da noiva profanada o excitassem mais ainda, Osório sente sua ereção se prolongar e o membro já avantajado toma proporções maiores dentro de Cláudia, que geme, mexe e se joga para trás no intuito de conseguir uma penetração ainda maior por parte do amante. Pouco depois, ela o está cavalgando, sentindo uma mão dele em cada nádega e rebolando como uma possessa sobre o cacete cavalar que parece não conhecer rendição quando o assunto é proporcionar prazer àquela mulher de pele branca e macia. Em seguida, ela está novamente de costas para o homem, que a toma de quatro mais uma vez, até não suportar mais e, finalmente, liberar todo seu prazer dentro da mulher, que sente o leite quente do criado inundar suas entranhas. Os dois se quedam exaustos, ela deitada com a cabeça no peito definido do caseiro enquanto acaricia o membro agora mole, mas, mesmo assim, com tamanho considerável. Vendo que Devanir permanece adormecido na sala, os dois vão até o banheiro, tomam um banho e ela, como prova de agradecimento, ajoelha-se diante do caseiro e mama com carinho e vontade uma vez mais, até que ele goze abundantemente em sua boca, sem que ela desperdice uma só gota e deixe que tudo desça por sua garganta. Beijando a cabeça, ela se levanta, os dois tomam um banho e, com um beijo, se despedem. No sofá, o marido, agora cornudo antes mesmo de consumar o casamento, continua adormecido, sem dar qualquer sinal de que poderia ter acordado e notado que algo estava errado. Mais por querer simular que tudo estava exatamente como antes e que nada havia ocorrido do que por algum peso na consciência, ela se deita ao lado do marido no sofá, esperando que ele acorde naturalmente.

Horas depois, já quase de noite, Devanir acorda:

- Meu, que dor de cabeça... que horas são?

- Quase 19:00. Você caiu no sono na hora em que ia rolar.

- Ah, caramba, não acredito que eu fiz isso... tomei vinho pra cacete achando que ia melhorar o desempenho e foi o contrário, acabei caindo no sono. Devia ter lembrado que sou meio fraco pra bebida.

- Tá tudo bem, amor, a gente pode tentar de novo mais tarde. Eu tomei um banho e fiquei cheirosinha pra você. Quer tentar de novo agora?

- Não sei, tô com uma dor de cabeça... será que vou conseguir? – como se buscasse estimular o marido, Cláudia passa a acariciar seu cabelo e o abraça em seguida, logo percebendo alguma ereção tomar conta do membro, que atinge brevemente a consistência certa para penetrá-la. Por um momento ela se pergunta se o corno irá notar que ela talvez se encontre mais larga por ter sido penetrada pelo membro de Osório, que é muito maior, e se o esperma que o caseiro ejaculou dentro dela não iria despertar alguma suspeita quando sua fenda parecesse mais lubrificada que o normal. Talvez pelo desconhecimento da anatomia feminina o recém-casado não faz qualquer menção a algo que pudesse estar errado com a mulher e segue penetrando a esposa, num típico papai-mamãe que não chega a despertar nela qualquer excitação ou entusiasmo, levando-a a gemer baixo, numa atuação que visa mais demonstrar estar sentindo algum prazer do que por realmente sentir algum. A comparação com o empregado do sítio, que a deflorou minutos atrás, torna-se inevitável e ela se pergunta como seria possível que aquele homem rude, completamente estranho ao seu relacionamento e que talvez nunca fosse escolhido por ela para dividir o resto de seus dias, ter sido mais capaz de lhe proporcionar prazer do que este, que ela ama mais do que tudo desde sua juventude e que agora revela-se metade do homem que ela acreditou que fosse, como se toda sua masculinidade e mais um pouco houvessem sido transferidas para o outro, este sim capaz de satisfazê-la e agradecer pelo dia em que foi anunciado que ela nascia mulher. Os poucos minutos entre a ejaculação, que ela finalmente sente jorrar dentro de si, e a ereção suficiente apenas para que o corno a penetrasse, parecem eternos, ao contrário do que deveria ser. É isso, então, ela se pergunta. Casada até o final dos meus dias com um meio-homem que não vai ser capaz de me proporcionar um orgasmo ou mesmo algum prazer explorando meu corpo, fazendo de mim nada além de uma vagina mal servida por um pênis subnutrido?

- Putz, que delícia... valeu a pena ter esperado tanto...

- É... – o sorriso dela é tão dissimulado quanto o prazer que demonstrou há pouco. Diante disso, ela pensa no futuro, nos anos que deverá passar com aquele homem a quem jurou fidelidade e que, por que não admitir, ama mais do que tudo, mas que já se mostrou completamente incapaz de excita-la ou de causar comichões ou o que quer que seja durante uma relação sexual. O membro, no máximo de sua ereção, não foi capaz de preenche-la, enquanto o de Osório inundava seu sexo, fosse no comprimento ou na espessura, para não falar na quantidade de esperma depois do ato, a variedade de posições e a forma como ele a acariciava. Ainda que Devanir evoluísse com o tempo dificilmente iria conseguir se equiparar ao outro homem. E ela, como iria ficar neste fogo cruzado? Não tinha sequer coragem de chupar o membro do marido como fez com o caseiro, pois a pequenez do instrumento não a estimulava a isso.

Os dois tomam banho e se preparam para ir à cidade jantar. Osório lhes dá as coordenadas e não demora muito até que cheguem ao centro, onde encontram alguns restaurantes que servem uma comida boa e caseira. Ambos evitam o consumo de álcool em face da tarde regada a vinho e jogam conversa fora durante a refeição enquanto a esposa procura manter-se alheia aos fatos ocorridos ao longo do dia que, se não mudou completamente sua relação com o esposo, no mínimo irá influenciar totalmente a vida íntima dos dois dali em diante.

Após o jantar, uma caminhada pela cidade encerra a noite, e o casal volta para o sítio logo em seguida. Alegando estar cansada por causa do vinho consumido, Cláudia sugeriu que dormissem cedo. Devanir não protesta, demonstrando que o sexo com a esposa o deixou exausto e uma nova comparação com o caseiro acaba vindo à tona, uma vez que o homem não apenas possuiu uma mulher pela manhã como conseguiu iniciar a vida sexual de Cláudia em grande estilo, como só um garanhão bem-dotado faria. Deitada na cama ela percebe que Devanir caiu no sono rapidamente e, inevitavelmente, conclui que os fatos ocorridos naquela lua-de-mel alterariam para sempre sua existência e seu casamento. Amava o marido sem dúvida, mas não teria como se satisfazer com ele, o que a lançaria numa vida de busca por homens capazes de proporcionar a ela momentos na cama que a fizessem enlouquecer. Talvez não pensasse desta forma se não houvesse presenciado a cena com Osório pela manhã, talvez não tivesse tido a ousadia de se entregar ao caseiro em plena lua de mel se não fosse pelo vinho que havia tomado, mas isso não importa. O que está feito, está feito. Ela foi apresentada ao membro de outro homem, sentiu o sêmen dele jorrar em suas entranhas e está mais do que claro que, entre seus deveres de esposa fiel cumpridos diariamente, deverá sempre haver espaço para que outro ou outros a preencham, pois não consegue se imaginar amando outro que não o esposo. Seriam amor e sexo duas coisas ligadas incondicionalmente, que não poderiam jamais se separar? Poderia o desejo se deixar escravizar por convenções, dogmas e códigos religiosos? Apesar da criação familiar que teve e de ser suspeita para falar no assunto, fica cada vez mais claro para ela que não.

Ao observar o marido adormecido, ela se lembra de Osório. A lembrança do caseiro volta a fazer com que o fogo entre suas pernas se reacenda, de modo que a recém-casada não se contenha e, lembrando do sono pesado de Devanir, se levante, calce os chinelos e se vista. E, como se sua vida dependesse daquilo, sai para o quintal, descendo em direção à casa do caseiro.


 

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